- Área: 26 m²
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Fotografias:WANG Ziling, YANG Chao Ying
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em Pequim, a Escola de Ensino Médio da Universidade Peking inicia seu primeiro semestre de aulas após ajustes em seu interior e na arquitetura, projetados pela Crossboundaries. Em um campus existente no noroeste da cidade, o projeto abrangeu 26 mil metros quadrados e desafia os atuais conceitos educacionais da China. A solução espacial torna-se um instrumento educacional, prevendo as necessidades latentes da futura escola com base no espírito de interação, inspiração e individualização das escolas.
Trinta anos de reforma culminaram numa explosiva expansão econômica da China. Refletindo sobre esse desenvolvimento, tanto o governo quanto a sociedade estão conscientes da importância e da urgência de reformar o sistema educacional do país. Uma reforma do sistema no sentido mais amplo, referindo-se a um futuro sobre o qual ainda pouco entendemos e a uma visão que exigirá - mais do que conhecimento - habilidades que defendem a diversidade, a colaboração, a inovação e a responsabilidade.
Não acostumados com o pensamento individual, a China e seus homólogos do Leste Asiático ainda aplaudem o coletivismo, nascido dos valores de Confúcio nos quais sua cultura é fundada. A partir do conceito dos núcleos familiares que se estendem à comunidade, de estruturas como o antigo hutong em Pequim ou o sistema comunal do "danwei" (unidades de habitação e trabalho chinesas), você não é uma pessoa completa sem sua família, ainda mais com as implicações sociais e econômicas da política do filho único.
Esta exploração dos laços fortes com a família e da resposta educacional atual continua sendo tema de pesquisa, desenvolvido como resultado de projetos anteriores como Soyoo e Family Box, ambas instalações de lazer extracurriculares para crianças até 12 anos. A Crossboundaries explorou uma relação profunda com o desenvolvimento infantil na China e as necessidades específicas de cultivar a independência dos pais e avós, ao mesmo tempo que ainda envolvem esses guardiões no desenvolvimento autônomo das crianças.
O ponto de partida para a Crossboundaries foi um envelope e um núcleo já planejados e prontos para serem construídos, com espaços monofuncionais fora de escala, isolados e com ausência de indicadores de uso a partir de seus arranjos espaciais e conexões visuais. Com isso, a Crossboundaries propôs ajustes possíveis e realistas à arquitetura, inerentes à evolução a longo prazo da escola, que permitiram uma solução completa de design de interiores que refletisse a visão reformadora de seu cliente em relação à educação na China. Sua missão era dar subsídios para que um indivíduo, dentro de um estado coletivo, seja capaz de responder e contribuir para o futuro.
Satisfeito com a proposta da Crossboundaries e apoiado pelo corpo docente, o diretor adiou a abertura da nova extensão por um ano para viabilizar as mudanças na arquitetura. A intenção da Crossboundaries não era aplicar cores decorativas em espaços convencionais e colocar mesas com formas diferentes em salas de aula tradicionais, orientadas apenas aos professores, mas sim aplicar um forte conceito integrado que perdurará conforme a escola e seus alunos evoluem. A sistematização das salas de aula, o desenvolvimento de programas para incluir disciplinas de música e arte, bem como a remoção de paredes, a adição de janelas e a reconfiguração do espaço, foi tudo em vista de dois principais fatores: a comunicação e o rompimento das fronteiras entre as diferentes disciplinas.
Foi criado um cenário para a paixão pela aprendizagem e pelo ensino, com conexões interligadas e circulações que oferecem espaço para a pausa e para o compartilhamento. Espaços reconfigurados estão equipados com uma série de elementos multifuncionais, como paredes funcionais e uma identidade de cores que promovem tanto conexões físicas como visuais, horizontais e verticais. Antigos corredores institucionais de salas de aula agora foram redefinidos em forma e função. Para instigar o intercâmbio e a interação entre os alunos que por ali passam, as paredes são integradas com armários, prateleiras e nichos de assentos.
Do outro lado dos corredores ativados, as salas de aula são reconfiguradas para se concentrar no aluno e não no professor, sendo capaz de trabalhar vários assuntos e atividades. Suas paredes também são cheias de nichos, quadros brancos e telas. A forma das salas de aula rompe com a uniformidade rígida e é complementada por iluminação, pé-direito variável e uma escolha de superfícies de trabalho verticais que criam diferentes zonas. As paredes dobráveis não fornecem apenas pontos focais alternativos por atuarem também como placas brancas e painéis, mas também dão a opção de expandir e reduzir espaços.
Andando pela escola, você continua se engajando com as vistas a partir dos espaços de aprendizagem. Por exemplo, a área de arte, anteriormente planejada como uma pista interna de corrida, não está apenas ao lado das áreas de música e esportes, mas compartilha conexões passivas e ativas. A área de esportes conecta o espaço de pé direito duplo da área de arte, levando diretamente para a biblioteca de esportes. As faixas de luz no teto refletem a pista de corrida da área de esportes acima. As áreas de esporte compartilham a circulação com os espaços de arte de planta livre e possuem janelas das quais é possível ver diretamente a área de esportes.
Anteriormente planejado como um ambiente unidirecional,o auditório - concebido com um palco elevado e assentos enfileirados - foi remodelado como um local multifuncional bidirecional, um espaço rebaixado com assentos em degraus, que cria uma praça coberta para ver ou ser visto, para o ócio ou a interação, misturando as funções e oferecendo novas possibilidades.Imaginado por Crossboundaries para exposições, festas ou até performances, a área de entrada se conecta ao auditório através de paredes móveis. Verticalmente, há vazios que visualmente se conectam com a área de música.
Inserindo novos caminhos e melhorando os trajetos, a biblioteca, antes um destino no fim de uma rota, é agora um cruzamento. Um feliz resultado da união da escultura do teto do hall multifuncional com a tribuna acima, que liga a biblioteca à área esportiva. Tanto um destino quanto um meio de passagem, este elemento se expande e conecta as duas áreas visual e fisicamente, funcionalmente oferecendo outro ponto de parada para troca e interação.
Afastar esta escola de seu formato institucional por meio de alterações em sua estrutura e sistematizando seu espaço interno ofereceu a oportunidade de experiências individuais de aprendizagem, interação e inspiração. Esta escola está apenas começando sua jornada e está preparada para o futuro, criando um diálogo sutil, comunicando várias funções e envolvendo os usuários entre si.